10.11.09
20.10.09
Outubro 20, 2009
RETRATO
Cruel como os Assírios
Lânguido como os Persas,
Entre estrelas e círios
Cristão só nas conversas.
Árabe no sossego,
Africano no ardor,
No corpo Grego, Grego!
Homem, seja onde for.
Romano na ambição
Oriental no ardil,
Latino na paixão,
Europeu por subtil:
Homem sou, Homem só
(Pascal: “nem anjo nem bruto”):
Cristãmente, do pó
Me levante impoluto.
Vitorino Nemésio, in Mário Soares, Os poemas da minha vida, Lisboa: Público, Comunicação social, SA, 2005, p. 119.
(Praia da Vitória, Ilha Terceira, 1901-1978)
Cruel como os Assírios
Lânguido como os Persas,
Entre estrelas e círios
Cristão só nas conversas.
Árabe no sossego,
Africano no ardor,
No corpo Grego, Grego!
Homem, seja onde for.
Romano na ambição
Oriental no ardil,
Latino na paixão,
Europeu por subtil:
Homem sou, Homem só
(Pascal: “nem anjo nem bruto”):
Cristãmente, do pó
Me levante impoluto.
Vitorino Nemésio, in Mário Soares, Os poemas da minha vida, Lisboa: Público, Comunicação social, SA, 2005, p. 119.
(Praia da Vitória, Ilha Terceira, 1901-1978)
3.10.09
Outubro 2, 2009
Música é magia, passei por uma regeneração
Canções de Theresienstadt
Anne Sofie von Otter (meio-soprano),
Daniel Hope (violino),
Bengt Forsberg (piano),
Bebe Risenfors (clarinete, acordeão, guitarra)
24.9.09
Setembro, 24 2009
AVE-MARIAS
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!
Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.
Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.
Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!
Cesário Verde
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!
Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.
Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.
Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!
Cesário Verde
24.8.09
11.7.09
1.7.09
29.6.09
18.6.09
16.6.09
6.6.09
Junho 06, 2009
Para que é que havemos de falar?... É melhor cantar, não sei porquê... O canto, quando a gente canta de noite, é uma pessoa alegre e sem medo que entra de repente no quarto e o aquece a consolar-nos.
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa
Junho 06, 2009
Hei-de soprar no trompete até o anjo Gabriel dizer "basta!" Depois, junto-me a ele e formamos um duo, pois deve tocar trompete como gente grande.
Louis Armstrong
Louis Armstrong
9.4.09
8.4.09
25.3.09
Março 25, 2009
Quase (1914), Mário Sá Carneiro, dito por Mário Cesariny
música Bach, fugue nº19 BWV 864
Solista piano- Daniel Baremboim
música Bach, fugue nº19 BWV 864
Solista piano- Daniel Baremboim
21.3.09
Março 21, 2009
iii. Testamento de Rodin
Os mestres são os que olham com os seus próprios olhos o que toda a gente viu e que sabem ver a beleza do que é demasiado habitual para os outros espíritos.
Os maus artistas vêm sempre pekosóculos dos outros.
O mais importante é ser emocionado, amar, esperar, estremecer, viver. Ser homen antes de ser artista!
A verdadeira eloquência ri-se da eloquência, disia Pascal.
A verdadeira aete ri-se da arte. Retomo aqui o exemplo de Eugène Carrière.
Geralmente,nas exposições , a maior parte dos quadros não passam de pintura: Os dele, Pareciam no meio dos outros, verdadeiras janelas abertas sobre a vida!
Aceitem as críticas justas. Reconhecelas-âo fácilmente. São as que vos confirmarão as dúvidas que vos cercam. Não se deixem diminuir por aquelas que a vossa consciência não admite.
Não temam as críticas injustas. Elas revoltarão os vossos amigos. Elas forçalos-ão a reflectir sobre a simpatia que têm por vós e mostrala-ão mais convictamente quando descobrirem os verdadeiros motivos dessas críticas.
Se o vosso talento é novo, terão de início poucos adeptos, mas terão uma multidão de enemigos. Não se desencoragem, os adeptos triunfarão: pois sabem porque vos amam. Os outros não sabem porque vos odeiam. Os primeiros estão apaixonados pela vedade, para aqual captam incessantemente novos adeptos; Os outros não mostram nenhum zelo persistente pelas suas opiniões falsas. Os primeiros são tenazes, os outros são cata-ventos. A vitória da verdadeé certa.
Não percam tempo com relacões mundanas ou políticas. Verão muitos dos vossos companheiros, chegar às honras e à fortuna, mas, pela intriga.
Não são verdadeiros artistas. Alguns deles são noentanto muito inteligentes, e se entenderem lutar contra eles no terreno, vão gastar tanto tempo como eles, ou seja toda a vossa existência.: Ficareis sem um minuto para ser artista.
Amen apaixonadamente a vossa missão.Não Há mais bela. Ela é mais elevada que o comun dos mortais pensa.O artista dá um grande exemplo.
Ele adora o seu ofício; A sua mais alta recompensa é a alegria de bem fazer.
Actualmente, convencem-se os operários de que devem infelizmente odiar o tabalho e de que o devem sabotar. O mundo só será feliz quando todos os homens tiverem uma alma de artista, ou seja quando tiverem prazer no que fazem.
A arte ainda é uma magnífica lição de sinceridade.
O verdadeiro artista exprime sempre o que pensa mesmo quando vai ao encontro dos preconceitos.
E ensina a franqueza aos seus semelhantes.
Ora! Imaginem que maravilhosos progresssos seriam de repente realizados, se a veracidade absoluta reinasse entre os homens Ah! como a sociedade se livraria rápidamente dos seus erros, e das suas baixesasque elle teriaconfessado, e com que rapidez a nossa terra se tornaria um paraíso!
Auguste Rodin
Os mestres são os que olham com os seus próprios olhos o que toda a gente viu e que sabem ver a beleza do que é demasiado habitual para os outros espíritos.
Os maus artistas vêm sempre pekosóculos dos outros.
O mais importante é ser emocionado, amar, esperar, estremecer, viver. Ser homen antes de ser artista!
A verdadeira eloquência ri-se da eloquência, disia Pascal.
A verdadeira aete ri-se da arte. Retomo aqui o exemplo de Eugène Carrière.
Geralmente,nas exposições , a maior parte dos quadros não passam de pintura: Os dele, Pareciam no meio dos outros, verdadeiras janelas abertas sobre a vida!
Aceitem as críticas justas. Reconhecelas-âo fácilmente. São as que vos confirmarão as dúvidas que vos cercam. Não se deixem diminuir por aquelas que a vossa consciência não admite.
Não temam as críticas injustas. Elas revoltarão os vossos amigos. Elas forçalos-ão a reflectir sobre a simpatia que têm por vós e mostrala-ão mais convictamente quando descobrirem os verdadeiros motivos dessas críticas.
Se o vosso talento é novo, terão de início poucos adeptos, mas terão uma multidão de enemigos. Não se desencoragem, os adeptos triunfarão: pois sabem porque vos amam. Os outros não sabem porque vos odeiam. Os primeiros estão apaixonados pela vedade, para aqual captam incessantemente novos adeptos; Os outros não mostram nenhum zelo persistente pelas suas opiniões falsas. Os primeiros são tenazes, os outros são cata-ventos. A vitória da verdadeé certa.
Não percam tempo com relacões mundanas ou políticas. Verão muitos dos vossos companheiros, chegar às honras e à fortuna, mas, pela intriga.
Não são verdadeiros artistas. Alguns deles são noentanto muito inteligentes, e se entenderem lutar contra eles no terreno, vão gastar tanto tempo como eles, ou seja toda a vossa existência.: Ficareis sem um minuto para ser artista.
Amen apaixonadamente a vossa missão.Não Há mais bela. Ela é mais elevada que o comun dos mortais pensa.O artista dá um grande exemplo.
Ele adora o seu ofício; A sua mais alta recompensa é a alegria de bem fazer.
Actualmente, convencem-se os operários de que devem infelizmente odiar o tabalho e de que o devem sabotar. O mundo só será feliz quando todos os homens tiverem uma alma de artista, ou seja quando tiverem prazer no que fazem.
A arte ainda é uma magnífica lição de sinceridade.
O verdadeiro artista exprime sempre o que pensa mesmo quando vai ao encontro dos preconceitos.
E ensina a franqueza aos seus semelhantes.
Ora! Imaginem que maravilhosos progresssos seriam de repente realizados, se a veracidade absoluta reinasse entre os homens Ah! como a sociedade se livraria rápidamente dos seus erros, e das suas baixesasque elle teriaconfessado, e com que rapidez a nossa terra se tornaria um paraíso!
Auguste Rodin
10.3.09
Março 10, 2009
ii. Testamento de Rodin
É pela linha de fuga bem marcada no desenho que mergulhais no espaço e que encontrareis a profundidade.
Quando definirdes estes planos, tudo estará construído. A vossa estátua já vive. Os pormenores nascem e tomam os seus lugares naturalmente.
Quando modelardes, nunca penseis em superfícies mas sim em relevo.
Que o vosso espírito conceba toda e qualquer superfície como a extremidade de um volume que a empurra por detrás. Figurai as formas como apontadas a vós. Toda vida surge de um centro, em seguida germina e culmina de dentro para fora. Do mesmo modo que na bela escultura sempre se adivinha uma potente pulsão interior. É o segredo da arte antiga. Vós, pintores, observai igualmente a realidade em profundidade. Olhai por exemplo um retrato pintado por Rafael. Quando este mestre representa uma personagem de frente, faz fugir o peito em oblíqua, e é assim que dá a ilusão da terceira dimensão.
Todos os grandes pintores sondam o espaço. A força deles reside na noção de espessura.
Lembrem-se disto: Não há traços, só há volumes. Quando desenhardes nunca vos preocupeis com o contorno, mas sim com o relevo. O relevo rege o contorno.
Exercitem-se sem descanso. Adquiram perícia no trabalho.
A arte não é mais que sentimento. Mas sem a ciência dos volumes, das proporções, das cores, sem a perícia da mão, o sentimento mais vivo paralisa. Que seria de um poeta num país estrangeiro do qual desconhece a língua? Na nova geração de artistas, há infelizmente grande número de poetas que infelizmente recusam aprender a falar. Assim o que fazem é balbuciar.
É preciso ter paciência! Não contem com a inspiração.
Ela não existe. As únicas qualidades do artista são sabedoria, atenção, sinceridade, vontade. Cumpram a vossa tarefa como honestos operários.
Jovens: sejam verdadeiros. Mas isso não significa ser, rasamente... exactos.
Existe uma exactidão baixa: a da fotografia e da moldagem.
A arte só começa com a verdade interior. Que todas as vossas formas e todas as vossas cores traduzam sentimentos.
O artista que se contenta com o “trompe l’oeil “ e que reproduz servilmente os pormenores sem valor, nunca será um mestre.
Se visitaram algum cemitério italiano, notaram, sem dúvida, com que puerilidade os artistas encarregados de decorar os túmulos se aplicam a copiar nas estátuas, os bordados, as rendas, as tranças. Talvez sejam exactos mas não são verdadeiros, pois não se dirigem à alma.
Quase todos os nossos escultores lembram os escultores dos cemitérios italianos. Nos monumentos das nossas praças públicas só se distinguem sobrecasacas, mesas pé de galo, cadeiras, máquinas, balões, telégrafos. Sem verdade interior, logo sem arte.
Tenham horror destas feiras.
Sejam profunda e afincadamente verdadeiros.
Nunca hesitem em exprimir o que sentem, mesmo quando estão em oposição com as ideias em vigor.
Talvez não sejam logo compreendidos, mas o vosso isolamento será de curta duração. Amigos virão, pois o que é profundamente verdadeiro para um homem, também o é para todos.
Logo nada de caretas, nada de contorções para atrair o público. Sejam simples, sejam ingénuos.
Os melhores temas estão à vossa frente: São os que vocês melhor conhecem. O meu querido e muito grande Eugène Carrière, que nos deixou tão cedo, demonstrou o seu génio pintando a sua mulher e os seus filhos. Era-lhe suficiente celebrar o amor materno, para ser sublime.
É pela linha de fuga bem marcada no desenho que mergulhais no espaço e que encontrareis a profundidade.
Quando definirdes estes planos, tudo estará construído. A vossa estátua já vive. Os pormenores nascem e tomam os seus lugares naturalmente.
Quando modelardes, nunca penseis em superfícies mas sim em relevo.
Que o vosso espírito conceba toda e qualquer superfície como a extremidade de um volume que a empurra por detrás. Figurai as formas como apontadas a vós. Toda vida surge de um centro, em seguida germina e culmina de dentro para fora. Do mesmo modo que na bela escultura sempre se adivinha uma potente pulsão interior. É o segredo da arte antiga. Vós, pintores, observai igualmente a realidade em profundidade. Olhai por exemplo um retrato pintado por Rafael. Quando este mestre representa uma personagem de frente, faz fugir o peito em oblíqua, e é assim que dá a ilusão da terceira dimensão.
Todos os grandes pintores sondam o espaço. A força deles reside na noção de espessura.
Lembrem-se disto: Não há traços, só há volumes. Quando desenhardes nunca vos preocupeis com o contorno, mas sim com o relevo. O relevo rege o contorno.
Exercitem-se sem descanso. Adquiram perícia no trabalho.
A arte não é mais que sentimento. Mas sem a ciência dos volumes, das proporções, das cores, sem a perícia da mão, o sentimento mais vivo paralisa. Que seria de um poeta num país estrangeiro do qual desconhece a língua? Na nova geração de artistas, há infelizmente grande número de poetas que infelizmente recusam aprender a falar. Assim o que fazem é balbuciar.
É preciso ter paciência! Não contem com a inspiração.
Ela não existe. As únicas qualidades do artista são sabedoria, atenção, sinceridade, vontade. Cumpram a vossa tarefa como honestos operários.
Jovens: sejam verdadeiros. Mas isso não significa ser, rasamente... exactos.
Existe uma exactidão baixa: a da fotografia e da moldagem.
A arte só começa com a verdade interior. Que todas as vossas formas e todas as vossas cores traduzam sentimentos.
O artista que se contenta com o “trompe l’oeil “ e que reproduz servilmente os pormenores sem valor, nunca será um mestre.
Se visitaram algum cemitério italiano, notaram, sem dúvida, com que puerilidade os artistas encarregados de decorar os túmulos se aplicam a copiar nas estátuas, os bordados, as rendas, as tranças. Talvez sejam exactos mas não são verdadeiros, pois não se dirigem à alma.
Quase todos os nossos escultores lembram os escultores dos cemitérios italianos. Nos monumentos das nossas praças públicas só se distinguem sobrecasacas, mesas pé de galo, cadeiras, máquinas, balões, telégrafos. Sem verdade interior, logo sem arte.
Tenham horror destas feiras.
Sejam profunda e afincadamente verdadeiros.
Nunca hesitem em exprimir o que sentem, mesmo quando estão em oposição com as ideias em vigor.
Talvez não sejam logo compreendidos, mas o vosso isolamento será de curta duração. Amigos virão, pois o que é profundamente verdadeiro para um homem, também o é para todos.
Logo nada de caretas, nada de contorções para atrair o público. Sejam simples, sejam ingénuos.
Os melhores temas estão à vossa frente: São os que vocês melhor conhecem. O meu querido e muito grande Eugène Carrière, que nos deixou tão cedo, demonstrou o seu génio pintando a sua mulher e os seus filhos. Era-lhe suficiente celebrar o amor materno, para ser sublime.
3.3.09
Março 3, 2009
TESTAMENTO DE RODIN
Um belíssimo texto, uma lição.
Dividi propositadamente o texto em 3 partes para que o conteúdo seja mais "saboreado".
i. Testamento de Rodin
Jovens, que quereis ser praticantes da beleza, talvez vos preze encontrarem aqui, o resumo de uma longa experiência.
Amai devotamente os mestres que vos precederam.
Inclinai-vos perante Fídias e Miguel- Ângelo.
Admirai a divina serenidade de um, e a persistente angústia do outro.
A admiração é o vinho generoso dos nobres espíritos.
Preservai-vos no entanto da imitação dos mais velhos.
Respeitoso da tradição, sabei entender o que ela encerra de eternamente fecundo: O amor da Natureza e da sinceridade.
São estas, as duas fortes paixões dos génios. Todos adoraram a natureza e nunca mentiram.
Assim, a tradição vos entregará a chave graças à qual vos evadireis da rotina.
A própria tradição vos recomenda de interrogar sem descanso a realidade e proíbe-vos de se submeterem cegamente o mestre algum.
Que a natureza seja a vossa única deusa.
Tenham nela uma fé absoluta. Estejam seguros de que ela nunca é feia e limitai a vossa ambição a ser-lhe fiéis.
Tudo é belo para o artista, pois em qualquer ser ou em qualquer objecto, com o seu olhar penetrante, o artista descobre o verdadeiro carácter, ou seja, a verdade interior, transparente sob a forma. E esta verdade, é a própria beleza.
Observai religiosamente:
- Não vão deixar de encontrar a beleza, porque encontrareis a verdade; - Trabalhai afincadamente.
Vós, escultores, fortalecei em vós o sentido da profundidade. O espírito dificilmente se familiariza com esta noção. Ele só representa distintamente as superfícies.
Imaginar formas em volume é-lhe difícil. Essa é, no entanto, a vossa tarefa.
Antes de mais, estabelecei grandes planos das figuras a esculpir.
Acentuai vigorosamente a orientação que dais a cada parte do corpo, à cabeça, aos ombros, à bacia. Às pernas.
A arte reclama decisão.
Um belíssimo texto, uma lição.
Dividi propositadamente o texto em 3 partes para que o conteúdo seja mais "saboreado".
i. Testamento de Rodin
Jovens, que quereis ser praticantes da beleza, talvez vos preze encontrarem aqui, o resumo de uma longa experiência.
Amai devotamente os mestres que vos precederam.
Inclinai-vos perante Fídias e Miguel- Ângelo.
Admirai a divina serenidade de um, e a persistente angústia do outro.
A admiração é o vinho generoso dos nobres espíritos.
Preservai-vos no entanto da imitação dos mais velhos.
Respeitoso da tradição, sabei entender o que ela encerra de eternamente fecundo: O amor da Natureza e da sinceridade.
São estas, as duas fortes paixões dos génios. Todos adoraram a natureza e nunca mentiram.
Assim, a tradição vos entregará a chave graças à qual vos evadireis da rotina.
A própria tradição vos recomenda de interrogar sem descanso a realidade e proíbe-vos de se submeterem cegamente o mestre algum.
Que a natureza seja a vossa única deusa.
Tenham nela uma fé absoluta. Estejam seguros de que ela nunca é feia e limitai a vossa ambição a ser-lhe fiéis.
Tudo é belo para o artista, pois em qualquer ser ou em qualquer objecto, com o seu olhar penetrante, o artista descobre o verdadeiro carácter, ou seja, a verdade interior, transparente sob a forma. E esta verdade, é a própria beleza.
Observai religiosamente:
- Não vão deixar de encontrar a beleza, porque encontrareis a verdade; - Trabalhai afincadamente.
Vós, escultores, fortalecei em vós o sentido da profundidade. O espírito dificilmente se familiariza com esta noção. Ele só representa distintamente as superfícies.
Imaginar formas em volume é-lhe difícil. Essa é, no entanto, a vossa tarefa.
Antes de mais, estabelecei grandes planos das figuras a esculpir.
Acentuai vigorosamente a orientação que dais a cada parte do corpo, à cabeça, aos ombros, à bacia. Às pernas.
A arte reclama decisão.
1.3.09
Março 1, 2009
23.2.09
Fevereiro 22, 2009
14.2.09
Fevereiro 14, 2009
Desde 2007, IN Europa, é transmitida na televisão holandesa (VPRO). É uma série de documentários sobre a evolução da Europa, desde o século passado à actualidade. O nosso 25 de Abril 1974 também foi tema de um documentário. Um olhar curioso e particular da revolução dos cravos centrada em Otelo Saraiva de Carvalho, Vítor Alves e Wilson, o líder popular da ocupação.
Obrigado Rosi
Obrigado Rosi
10.2.09
Fevereiro 10, 2009
“Os discursos de quem não viu são discursos. Os discursos de quem viu são profecias”.
Padre António Vieira
Padre António Vieira
9.2.09
1.2.09
Fevereiro 2, 2009
28.1.09
12.1.09
janeiro 12, 2008
Lisboa revisitada por Jorge Colombo
52 fotografias inspiradas em poemas de Álvaro de Campos.
Inaugura quinta-feira, 15 de Janeiro, na Casa Fernando Pessoa, Rua Coelho da Rocha, 16, Campo de Ourique, Lisboa, pelas 18h30.
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