25.8.05

J O L Y

Vi-o em 1985 no Chiado, num dia de Inverno. Ontem ouvi as Versões Sinfónicas sobre uma canção popular do Alentejo - Sinfonia nº4, Joly Braga Santos - Orquestra Sinfónica Nacional da Irlanda, dirigida por Álvaro Cassuto. Deixo mais uma memória. Joly Braga Santos (1924-1988) Foi bolseiro em Itália, para musicologia, composição musical e direcção de orquestra. Estudou com Virgílio Mortari, Gioachino Pasqualini, Alceo Galliera e Hermann Scherchen, cujo Curso Internacional de Regência frequentou com Luigi Nono e Bruno Maderna. Em Portugal, Joly tornou–se uma figura de destaque na direcção de orquestra e durante um longo período de tempo deixou de lado a composição. Refere–se a essa fase como um período "sabático Em 1965, criou, a Quinta Sinfonia. Esta obra foi o seu último trabalho puramente orquestral, pois a Sexta Sinfonia foi composta para coro e soprano. A música de Joly Braga Santos pode ser vista principalmente como uma fusão dos vários estilos Europeus, particularmente da Europa Ocidental. Mas é o próprio quem diz: «Desde sempre entendi que tinha de criar o meu próprio estilo e a minha música devia ser o resultado dessa criação.» A melodia era para ele a razão de ser da música. Joly Braga Santos pertenceu ao Gabinete de Estudos Musicais da Emissora Nacional, foi Director da Orquestra Sinfónica do Porto, Maestro Assistente e de Captação da Orquestra Sinfónica da RDP, professor de Composição do Conservatório Nacional de Lisboa, crítico e articulista, entre outros do Diário de Notícias, e fundou ainda a Juventude Musical Portuguesa. João de Freitas Branco, salientou a generosidade cultural do maior sinfonista português. «Ele é o inverso do artista que se dirige apenas a minorias privilegiadas. Ele queria que muitas pessoas viessem a usufruir da sua arte.» Comunicar para ele era essencial, contribuindo para isso o seu espírito aberto. Pai de uma família muito unida, adorava as suas filhas, a quem chamava as suas «maravilhas pequeninas» Foi eleito pela UNESCO como um dos 10 melhores compositores da música contemporânea de então, Joly Braga Santos disse de si próprio, parafraseando Stravinsky, «Não me considero compositor, mas sim inventor de música.» Morreu em Lisboa, em 1988.

Sem comentários:

Enviar um comentário