22.9.05

Mãos Dadas

Mãos Dadas Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.Entre eles, considero a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,a vida presente. Carlos Drummond de Andrade

1 comentário:

  1. Por muita pedra, no meio do caminho, por onde nos cruzamos todos os dias, por muita pedra "na vida de minhas retinas tão fatigadas"... importa dizer desses caminhos e atravessá-los todos, sem esquecer que lá no meio, tinha estado a pedra que nos dificultava a estrada! Drummond de Andrade estará sempre vivo, não é?!

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