TESTAMENTO DE RODIN
Um belíssimo texto, uma lição.
Dividi propositadamente o texto em 3 partes para que o conteúdo seja mais "saboreado".
i. Testamento de Rodin
Jovens, que quereis ser praticantes da beleza, talvez vos preze encontrarem aqui, o resumo de uma longa experiência.
Amai devotamente os mestres que vos precederam.
Inclinai-vos perante Fídias e Miguel- Ângelo.
Admirai a divina serenidade de um, e a persistente angústia do outro.
A admiração é o vinho generoso dos nobres espíritos.
Preservai-vos no entanto da imitação dos mais velhos.
Respeitoso da tradição, sabei entender o que ela encerra de eternamente fecundo:
O amor da Natureza e da sinceridade.
São estas, as duas fortes paixões dos génios. Todos adoraram a natureza e nunca mentiram.
Assim, a tradição vos entregará a chave graças à qual vos evadireis da rotina.
A própria tradição vos recomenda de interrogar sem descanso a realidade e proíbe-vos de se submeterem cegamente o mestre algum.
Que a natureza seja a vossa única deusa.
Tenham nela uma fé absoluta. Estejam seguros de que ela nunca é feia e limitai a vossa ambição a ser-lhe fiéis.
Tudo é belo para o artista, pois em qualquer ser ou em qualquer objecto, com o seu olhar penetrante, o artista descobre o verdadeiro carácter, ou seja, a verdade interior, transparente sob a forma. E esta verdade, é a própria beleza.
Observai religiosamente:
- Não vão deixar de encontrar a beleza, porque encontrareis a verdade;
- Trabalhai afincadamente.
Vós, escultores, fortalecei em vós o sentido da profundidade. O espírito dificilmente se familiariza com esta noção. Ele só representa distintamente as superfícies.
Imaginar formas em volume é-lhe difícil. Essa é, no entanto, a vossa tarefa.
Antes de mais, estabelecei grandes planos das figuras a esculpir.
Acentuai vigorosamente a orientação que dais a cada parte do corpo, à cabeça, aos ombros, à bacia. Às pernas.
A arte reclama decisão.
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